sexta-feira, 18 de novembro de 2011

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EDUCAÇÃO NA MÍDIA

 17 de novembro de 2011


ANALFABETISMO CAI, MAS AINDA ATINGE 13 MILHÕES

País tem 16,7% de jovens de 15 a 17 anos fora da escola; no Nordeste rural, uma em cada três pessoas é analfabeta

Fonte: O Globo (RJ)



Na Educação, o Censo de 2010 do IBGE apontou a queda no analfabetismo no país. Entre as pessoas de 15 anos ou mais, a taxa foi de 13,6% em 2000 para 9,6% em 2010 - no entanto, isso significa que ainda há cerca de 13,9 milhões de brasileiros analfabetos, quase 40% deles com 60 anos ou mais. Houve queda, ainda, na faixa de 10 a 14 anos de idade: o analfabetismo foi de 7,3% em 2000 para 3,9% em 2010.

As desigualdades regionais, porém, persistem. Se o percentual de analfabetos com 15 anos ou mais é de 5,4% no Sudeste e de 5,1% no Sul, no Centro-Oeste ele sobe para 7,2%; no Norte, vai a 11,2%; e no Nordeste, a pior situação, atinge 19,1% - ainda bem acima dos 13,6% que eram o percentual nacional em 2000.

Alagoas foi o estado com maior percentual de analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais (22,5%), seguido de Piauí (21,1%), Paraíba (20,2%) e Maranhão (19,3%). Nas capitais, Maceió é a que tem maior proporção de crianças com 10 anos analfabetas: 11,6%. Outros altos percentuais estão em Macapá (7,7%) e Manaus (7,1%).

As diferenças entre as áreas urbana e rural também impressionam. Na área rural, o analfabetismo da população com 15 anos ou mais ainda é de 23,2%. No Nordeste rural, um em cada três pessoas com 15 anos ou mais é analfabeta; lá, o percentual é de 32,9%.

Na divisão por rendimento, enquanto em domicílios com rendimento nominal mensal per capita de mais de cinco salários mínimos há 0,4% de analfabetos com 10 anos ou mais, nos domicílios com esse rendimento até 1/4 do salário mínimo, esse percentual chega a 17,6%.

Além disso, numa comparação internacional, o percentual geral de analfabetismo no país, na faixa de 15 anos ou mais, ainda fica acima dos níveis registrados pelo Banco Mundial em 2009 para países como Zimbábue (com 8% de analfabetos com 15 anos ou mais), Panamá (6%) e Guiné Equatorial (7%).

Outro dado do Censo em Educação, o percentual de crianças e jovens de 7 a 14 anos que não frequentavam a escola foi de 5,5% em 2000 para 3,1% em 2010. Já na população entre 15 e 17 anos, 22,3% não frequentavam a escola em 2000; em 2010, foram 16,7%. No Sudeste, 15% dos jovens de 15 a 17 anos não estão na escola.

Ao contrário de outras áreas em que o Nordeste tem péssimos indicadores, aqui seu percentual é de 17,2%, melhor do que os 18,6% do Sul. O Centro-Oeste tem 16,9%, e o Norte, a pior situação, 18,7%.

Na divisão por estado no ranking da população de 15 a 17 fora da escola, o Rio de Janeiro está na segunda melhor colocação, com 13,1%. Em último, vem o Acre, com 22,2%. O Piauí surpreende vindo em terceiro melhor lugar, com 14,5%, à frente de São Paulo, por exemplo. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Assim não dá!


Abrir mão da letra cursiva e da legibilidade

Bruna Nicolielo (bruna.nicolielo@abril.com.br). Com reportagem de Tatiana Pinheiro


Muitos professores, cansados de se esforçar para entender a letra de alguns alunos, sobretudo a cursiva, acabam por pedir que a turma escreva com letra de fôrma. O problema da falta de legibilidade pode começar a ser atacado já no fim do 1º ano do Ensino Fundamental. Nessa fase, vários alunos já são alfabéticos e podem aprender a escrever com a letra de mão, com a qual não estão familiarizados. Um dos caminhos é começar pela escrita do nome e do sobrenome do aluno. Vale organizar também atividades que envolvam a redação de cartas, afinal escrevê-las pressupõe a existência de um leitor que deverá entender o texto.

O importante nesse aprendizado, que segue pelo 3º e 4º ano, não é só a conquista de uma letra legível mas também a aquisição de rapidez na escrita. O objetivo - e isso deve ser exposto aos pequenos - é aprender outra forma de escrever para ganhar agilidade nas anotações. Além disso, a letra cursiva tem lugar fora da escola. Mas alguns estudantes precisam de ajuda para grafar determinadas letras e suas junções na forma cursiva, como é o caso do do "vr" e do "h". Eles deverão se exercitar, mas esse treino não precisa tomar a página toda de um caderno, seja ele de caligrafia ou não.

Essa habilidade não é inata e, às vezes, o professor deverá mostrar como se faz. Assim que as crianças conquistam a escrita alfabética, passam a querer escrever com a letra cursiva. Com algum treino, em pouco tempo, todas aprendem o traçado.

Consultoria Marisa Garcia, doutora em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e consultora da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011


Educação

Prova mostra que mais de 40% dos alunos alfabetizados não sabem ler e escrever

Publicada em 06/11/2011 às 23h40m
Carolina Benevides (carolina.benevides@oglobo.com.br) e Sérgio Roxo (sergio.roxo@sp.oglobo.com.br)

Marcus Ricardo conta com a ajuda da mãe, Vanessa, para aprender a ler e a escrever. O menino, que estuda em SP, está no 4 ano e tem dificuldades. Foto de Michel Filho - Agência O Globo
RIO e SÃO PAULO - No primeiro semestre deste ano, a Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) realizada pela primeira vez, nas capitais de todo o país, por crianças que concluíram o 3º ano do ensino fundamental, apontou que 43,9% não aprenderam o que era esperado em Leitura para esse nível de ensino. Em relação à Escrita, 46,6% não atingiram o esperado.
Parceria do Todos Pela Educação com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a prova foi aplicada em escolas públicas e privadas, e mostrou que mesmo nas particulares nem todos os alunos atingem 100% de aproveitamento. No caso da Leitura, 48,6% dos estudantes da rede pública tiveram o desempenho esperado. Nas particulares, o percentual foi de 79%. Em relação à Escrita, 43,9% dos alunos matriculados na rede pública aprenderam o esperado, e 86,2% dos da rede privada.
- Nenhuma criança pode concluir esse período, chamado de ciclo de alfabetização, sem estar plenamente alfabetizada. O que a prova mostra é que estamos ampliando a desigualdade educacional, já que muitos alunos não têm as ferramentas básicas para os anos seguintes - diz Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação, ressaltando que mesmo as escolas particulares enfrentam problemas: - São instituições que ensinam para alunos com mais acesso à cultura e pais escolarizados, por exemplo, mas ainda assim não tem 100% de alfabetização ao término do 3º ano.
- O governo precisa entender que temos um problema. O Brasil não tem método, não tem objetividade na hora de alfabetizar. Sem método, a criança brilhante aprende e as outras não. Desse jeito também, muitas acabam aprendendo por teimosia, porque foram ficando na escola, não porque aprenderam na época correta - diz João Batista de Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beta, que não vê com bons olhos a recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de que as crianças não devem ser reprovadas nos três primeiros anos do fundamental, porque cada uma tem um ritmo de aprendizagem:
- É irresponsável dizer que cada criança aprende no seu ritmo. Isso é um atraso. A criança que não é alfabetizada aos 6 anos fica com dificuldade para aprender outras disciplinas. No segundo ano, o professor não é preparado para ensinar o que ela não aprendeu e os livros já exigem que ela saiba ler.
No Rio, 10.500 alunos estão sendo realfabetizados
Mãe de um menino de 9 anos, que cursa o 4º ano do fundamental numa escola municipal da periferia de São Paulo, Vanessa Alves da Silva percebeu, durante uma ida ao mercado, que o filho Marcus Ricardo não sabia ler.
- Ele não conseguiu ver o preço dos produtos nem ler o que estava escrito nas embalagens. Eu tento incentivar, dou recortes de jornal para ele ler, mas ele gagueja e não consegue de jeito nenhum. Além disso, ele tem dificuldade para ler as coisas na cartilha. Na aula, é só cópia o tempo todo. O meu mais velho, de 10 anos, também tem problemas para ler - conta Vanessa, que acredita que a defasagem se acentue com o passar dos anos. - Agora, ele vai para o 5º ano sem saber ler.
No 6º ano do ensino fundamental, a neta do vigilante Hamilton de Souza tem dificuldades para ler e escrever. Responsável pela menina de 11 anos, Souza se preocupa:
- Como ela vai arrumar emprego? Como vai fazer para preencher uma ficha de contratação se não consegue escrever?
Tia de um menino de 9 anos, que cursa em São Paulo o 3º ano do fundamental, Jaqueline Alves Costa atribui as dificuldades dele ao excesso de alunos em sala:
- São 28 alunos. A professora não consegue explicar e só manda eles fazerem cópia. Eu acho que ele precisa de aula de reforço e que as classes deviam ter um segundo professor.
Secretaria de Educação do município do Rio e conselheira do Todos pela Educação, Claudia Costin reconhece que a prova ABC retrata um problema grave.
- A pesquisa não surpreende em termos de Brasil. O país precisa investir muito forte na alfabetização. A escola é o espaço de oportunidades futuras, e a prova mostra que o índice é frágil mesmo nas particulares. Nas públicas, o resultado é pior, e se a gente já começa perdendo, o apartheid educacional cresce - diz Claudia, que ao assumir a secretaria se deparou com 28 mil analfabetos funcionais no 4º, 5º e 6º anos do fundamental. - Isso representava o seguinte: 14% das crianças desses anos sem ler e escrever. Começamos, então, a realfabetizar os alunos, e tivemos sucesso com 21 mil. No entanto, percebemos que a progressão automática sem reforço escolar e sem acompanhamento faz com que a criança se torne invisível. E aí o insucesso também fica invisível. É preciso definir um currículo claro, oferecer aulas de reforço, formar professores e fazer com que entendam que é fundamental alfabetizar no primeiro ano. Ainda assim, este ano, temos 10.500 alunos em processo de alfabetização nessas séries.
Em São Paulo, a Secretaria municipal de Educação também implantou turmas de reforço no 3º e no 4º ano para atender alunos com dificuldades para ler e escrever. Foram criadas salas de apoio pedagógico para esses estudantes. A prefeitura diz ainda que as notas da Prova São Paulo mostraram, em 2010, um aumento de 25,7% no número de alunos alfabetizados no 2º ano.
Coordenadora pedagógica do Fundamental II, da Escola Edem, no Rio, Rosemary Reis destaca a importância da educação infantil para o sucesso da alfabetização:
- As crianças têm uma leitura do mundo antes da palavra. Por isso, é importante levar a para a sala de aula a possibilidade da criança conviver com textos. Na Edem, com um ano os alunos já manipulam livros, depois começam a conversar sobre o que viram, passam a ter contato com a escrita e com quatro, cinco anos escrevem o nome.
Priscila Cruz também aposta na educação infantil para que o país melhore os índices de alfabetização.
- É a melhor política para combater o analfabetismo. Pesquisas mostram que crianças que frequentam a educação infantil chegam ao 1º ano com um repertório melhor. Se elas não têm acesso à cultura em casa, se os pais não são escolarizados, a educação infantil as prepara, dá equidade.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/11/06/prova-mostra-que-mais-de-40-dos-alunos-alfabetizados-nao-sabem-ler-escrever-925746619.asp#ixzz1d2QRix3q 
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

GÊNEROS DO DISCURSO - ESQUEMA PARA A AULA DE ALFABETIZAÇÃO E LINGUÍSTICA II

GÊNEROS DOS DISCURSO

CEREJA –TEXTO E INTERAÇÃO

BAKHTIN
Gêneros – situações cotidianas de comunicação
Texto: características relativamente estáveis
Características: configuram o diferentes gêneros textuais ou discursivos
3 aspectos básicos do gêneros: 1 tema, 2 o modo composicional (a estrutura) e 3 o estilo (usos específicos da língua)
Interação verbal: escolha do gênero nem sempre é espontânea – considerar quem fala, sobre o que fala, com quem fala, com qual finalidade.

GÊNERO COMO FERRAMENTA

SCHNEUWLY, DOLZ, BRONCKART E PASQUIER
Gênero: instrumento que possibilita exercer uma ação lingüística sobre a realidade.
Dois efeitos na aprendizagem: 1 amplia as capacidades individuais do usuário e 2 amplia seu conhecimento do objeto sobre o qual a ferramenta é utilizada.
GÊNERO A SERVIÇO DA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO E DA CIDADANIA
Executar o gênero e tomar consciência da situação que o envolve – carta de reclamação (conhecer e reconhecer a estrutura e tomar consciência da situação envolvida)

IRENE MACHADO – GÊNEROS DISCURSIVOS – CONCEITOS-CHAVE

Gênero – Platão e Aristóteles – Literatura
Evolução histórica, mudanças sociais e culturais – novas necessidades de estabelecer comunicação = prosa comunicativa = outros parâmetros para avaliar as novas formas interativas que se realizam pelo discurso.
Bakhtin = desenvolveu estudos sobre gêneros discursivos considerando o dialogismo do processo.
Gênero e discurso = esferas da linguagem verbal ou da comunicação fundada na palavra.
Relações interativas = processos produtivos de linguagem.
Bakhtin = gênero = exame circunstanciado não apenas da retórica, mas, sobretudo, das práticas prosaicas que diferentes usos da linguagem fazem do discurso, oferecendo-o como manifestação de pluralidade.
O processo de prosificação da cultura
Prosa = universo das interações dialógicas constituído por diferentes realizações discursivas.
Dialogismo = ao valorizar os estudos do gênero, descobriu um excelente recurso para “radiografar” o hibridismo, a heteroglossia e a pluralidade de sistemas de signos na cultura.
Poesia = purismo
Prosa = formas pluriestilísticas (paródia, estilização, linguagem carnavalizada, heteroglossia) – tal variedade e mobilidade promoveram a prosa.
Prosa = evolução dos tempos = oposição ao idealismo clássico
Porque é discurso, a prosa só existe na interação.
Prosa = não se constitui a partir de nenhuma estrutura formular, mas tão somente em discursos. Manifestação de emergência, é um processo, evolução das próprias práticas significantes de sistemas comunicativos que emergem das interações dialógicas, ainda que cada uma delas tenha seu campo de significação muito preciso.
As esferas de uso da linguagem
Estudos dos gêneros discursivos = considerar a natureza do enunciado em sua diversidade e nas diferentes esferas da atividade comunicacional.
Gêneros discursivos = nascem dos enunciados
Gêneros discursivos = “correias de transmissão” entre a história da sociedade e a história da língua.
Comunicação = não está centrada no diagrama (emissor – mensagem – receptor) – está centrada na dialogia entre ouvinte e falante como um processo de interação “viva”.
Todo enunciado é um elo na cadeia, muito complexamente organizada, de outros enunciados. Bakhtin
Pensar o discurso no contexto enunciativo da comunicação
Os gêneros discursivos são formas comunicativas que não são adquiridas em manuais, mas sim nos processos interativos.
Gênero é mais uma forma enunciativa que lingüística, pois depende muito mais do contexto comunicativo e da cultura do que da própria palavra.
O grande tempo da cultura
Gêneros discursivos: não é ação deliberada, mas manifestação da cultura – criação de mensagens em contextos culturais específicos.
Os gêneros não podem ser pensados fora da dimensão espácio-temporal – o gênero adquire uma existência cultural = expressão de um grande tempo das culturas e civilizações.
Espaço = social
Tempo = histórico
O gênero vive do presente mas recorda o seu passado, o seu começo. Bakhtin
O gênero tem existência cultural = não tem nascimento original nem morte definitiva – ele é antigo como as organizações sociais.
Cronotopo = a-) obras e sistemas de cultura = mobilidade no espaço e tempo (não há menor possibilidade de enfiar nosso Shakespeare na época elizabetana...); b-) a cultura é uma unidade aberta, não um sistema fechado em suas possibilidades (Sistema de cultura nunca é coisa do passado, mas do presente, tem algo a dizer); c-) compreender um sistema cultural é dirigir a ele um olhar extraposto (um observador só enxerga a cultura alheia quando se coloca de um ponto de vista exterior a ela); d-) as possibilidades discursivas num diálogo são tão infinitas quanto as possibilidades de uso da língua. Os gêneros discursivo criam elos entre os elementos heterogêneos culturais. (uma obra funciona culturalmente como a réplica de um diálogo – não apenas provoca a resposta do outro como se relaciona com outras “obras-enunciados”.)
Na esfera comunicativa da cultura tudo reverbera em tudo, uma vez que nela as formas culturais vivem sob fronteiras.  – Nenhum sistema pode ser pensado como o Adão mítico a pronunciar o primeiro discurso sobre o mundo ainda não-dito.
O diálogo como metodologia de análise dos Gêneros Discursivos